Em toda história da humanidade, sempre foi muito comum ver pessoas de uma mesma família se desentendendo umas com as outras, pessoas não aceitando formas de pensar e de se comportar que não sejam iguais às suas próprias.
As causas para esse tipo de conflito são muito diversas. Mas existe uma que pode ser facilmente detectada e, de certa forma, corrigida antes de se agravar: as diferenças entre pessoas neurotípicas e pessoas neurodivergentes.
Antes de prosseguirmos, vamos esclarecer devidamente as definições:
- Pessoas neurotípicas são pessoas que seguem padrões de desenvolvimento neurológico amplamente considerados “normais” pela sociedade. Elas processam informações, comunicam-se e interagem de formas que são vistas como comuns. Elas agem de maneira tradicional, agindo da forma como se esperam de pessoas “normais”.
- Pessoas neurodivergentes, por outro lado, são pessoas cujos cérebros funcionam de maneira diferente, abrangendo diversas condições (tais como TDAH, autismo, dislexia, dispráxia, entre outras). Elas agem de maneira fora dos “padrões”, tomam decisões diferentes do que se esperam, normalmente pensam “fora da caixa”. Essas características não são necessariamente anomalias, nem desvios de caráter, mas sim formas diferentes de perceber e interagir com o mundo.
Desafios de convivência
Estima-se que cerca de 15% a 20% da população global seja neurodivergente, enquanto o restante (80% a 85%) seja neurotípico. Como exemplo, em uma família de 5 pessoas, ao menos uma poderá ser neurodivergente.
Devido à ausência de informações a respeito, as diferenças entre esses grupos podem resultar em desafios na convivência diária. Por exemplo, a comunicação de uma pessoa neurodivergente pode ser interpretada como incomum ou direta demais por neurotípicos, enquanto neurodivergentes podem achar a linguagem implícita dos neurotípicos confusa ou exaustiva. Além disso, a sensibilidade a estímulos – como sons, luzes e texturas – pode ser fonte de estresse para neurodivergentes, enquanto neurotípicos podem ter dificuldade em entender essa sensibilidade.
Dicas valiosas para uma convivência harmônica
- Entenda a neurodivergência – Neurotípicos devem buscar conhecimento sobre as condições neurodivergentes. Livros, documentários e artigos podem ajudar a desmistificar estereótipos e aumentar a empatia.
- Entenda a neurotipicidade – Neurodivergentes também podem se beneficiar ao compreender suas características e comunicar melhor suas necessidades para os outros.
- Atenção plena – Procure desenvolver estados de atenção plena, isto é, estar atento às circunstâncias e aos acontecimentos presentes, e se lembrar que existem diferenças. E que essas diferenças não são defeitos, nem provocações.
- Pratique a empatia ativa: Tentar compreender como a outra pessoa vê o mundo é fundamental. A perspectiva de uma pessoa neurodivergente sobre uma situação pode ser muito diferente, mas igualmente válida.
- Desenvolva paciência: A harmonia entre pessoas neurotípicas e neurodivergentes leva tempo. Frustrações podem surgir, mas manter a calma e tentar novamente é essencial para fortalecer os laços.
- Diálogo claro e aberto: É importante que ambos os lados expressem suas preferências de comunicação. Neurodivergentes podem precisar de mais tempo para responder ou preferir mensagens de texto a chamadas telefônicas.
- Uso de recursos visuais: Ferramentas como quadros de tarefas e calendários visuais podem ajudar neurodivergentes a processar informações e planejar melhor as atividades.
- Espaços sensoriais: Criar áreas na casa que minimizem estímulos pode fazer uma grande diferença para neurodivergentes. Evitar sons altos e luzes intensas ajuda a reduzir o estresse.
- Flexibilidade nas rotinas: Adotar rotinas que possam ser ajustadas conforme a necessidade facilita a adaptação de todos. Por exemplo, incluir intervalos de descanso ou tempo para recarregar as energias.
- Valorize a Singularidade: Neurodivergência não é um defeito, mas sim uma variação natural do cérebro. Reconhecer isso ajuda a cultivar um ambiente de aceitação, onde cada membro da família contribui com suas habilidades únicas.
- Incentive a colaboração: Trabalhar juntos para resolver problemas, usando as diferentes formas de pensar e perceber o mundo, pode fortalecer as relações e trazer novas perspectivas para todos.
Conclusão
A convivência harmoniosa entre neurotípicos e neurodivergentes pode enriquecer a vida de todos. Com empatia, educação e disposição para mudanças, é possível transformar as diferenças em oportunidades de crescimento mútuo. O segredo está na adaptação mútua e no reconhecimento de que todos têm algo valioso a oferecer.
[Texto & Arte: W.Riga]
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